
Pensemos novamente no exemplo de uma sala cheia de mulheres onde basta entrar um homem para mudar as marcações de género do discurso. “Não há aqui nada que justifique assim seja. Quer dizer, quando muito seria lógico pensarmos, por exemplo, na maioria que está na sala ou usar igualmente o feminino como feminino neutro”, considera Rui Sousa Silva. “Mas não é isso que acontece. Definiu-se que num grupo de pessoas – sejam dez, cem ou mil – se existir um homem, é necessário utilizar o masculino. Portanto, temos aqui algumas questões que têm a ver com a evolução da linguagem em si. Mas, na minha opinião, a evolução da linguagem não está dissociada da evolução social e dos valores sociais que são implementados por um determinado grupo social. Quero com isto dizer que a linguagem é aquilo que a sociedade faz dela.”
Jornal Expresso, 30.06.2023
